01 julho 2010

2006

Eu tinha seis anos e juro lembrar de cada movimento que eu fazia nos poucos espaços da minha casa. Eu me lembro das palavras que o meu avô mais proferia. Lembro-me das músicas que tocavam nas rádios da região, da fisionomia das pessoas, que hoje se mostram tão diferentes. Lembro-me dos animais que a minha avó criava no quintal de casa: Pintinhos que eu maltratava com a inocência de uma menina. Ah, e como era bom. O melhor ano de todos que eu já vivi. Eu acordava às seis da manhã. Minha mãe me vestia. Fazia um chocolate quente que só ela sabe fazer. E eu tomava enquanto assistia a desenhos na TV Cultura. Ia pro prézinho e sentava com as meninas mais populares da escolinha. Eu não era a mais bonita, mas os meninos gostavam de mim porque eu passava o batom cor de rosa da minha mãe. A televisão era diferente. Eu poderia ficar o dia todo na frente dela se não fosse pelas brincadeiras na rua. E as músicas então? Dia desses até baixei algumas que marcaram aquela época tão especial na minha vida. Ficou um CD um tanto quanto brega. Mas eu adoro. Juro que queria voltar no tempo. Tudo bem, eu usava umas roupas estranhas, camisetas surradas do Piu-piu, Mickey, botinhas da Carla Perez. Mas na época, era suuuuper tendência. E eu era a criança mais criança desse mundo. Porque nessa idade, o que eu menos precisava era entender o mundo e reclamar do mesmo. Não tinha necessidade alguma de assistir a jornais, saber das atualidades e muito menos ouvir propaganda eleitoral. A infância foi mesmo um bem pra minha alma. E mesmo que hoje eu esteja desempregada, tomando todas em pleno domingo preguiçoso, eu posso concordar com o ditado que diz "Relembrar é viver". É por isso, só por isso, que se me perguntassem se estou bem, responderia que sim. Estou bem, obrigada. Eu tive infância.

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