02 agosto 2010

O ar da Graça

Como é estranho estar aqui. Estou me sentindo uma visita indesejada, que aparece sem avisar, acomoda-se em uma poltrona e fica olhando o redor procurando um motivo pra abrir a boca. Não sei se ainda tenho direito de ter voz nesse lugar. Fiquei tantos dias longe que até sinto corar as minhas bochechas de vergonha por ter fugido como uma covarde. Eu achei que estava tudo bem, que eu tinha um amor e que era feliz. Mais uma vez me iludi com um rostinho bonito, que sabe falar 'eu te amo' e fazer um sexo gostoso. De novo eu apostei tudo o que eu tinha em ter um romance como o dos meus filmes cor-de-rosa e cai do alto do meu torrão de açucar em um tombo, digamos, feio! Depois disso só me lembro de ter chorado o mar inteiro, perdido a fome e a vontade de abrir os meus olhos. Morri de amor e fui pro inferno. Tive o meu coração destruído, fui ofendida, maltradada, suja e voltei com o meu orgulho em frangalhos. Tive que limpar os meus pés, ajeitar os objetos que tirei do lugar e jogar fora os restos de alguma lembrança que rasguei em mil pedaços. É normal ter desses surtos. E mais normal ainda é sair de todo esse drama linda, cheirosa e cheia de vontade de continuar com a festa. É por isso que eu estou aqui hoje, diante das palavras que dão forma a minha nova realidade. Eu estou livre de novo e por mais que eu me sinta uma estranha, ainda tenho a chave e sei que posso entrar.

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Gente, postem o que quiser, maas sem arrogânciias, obrigada :))