15 junho 2010

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Silêncio.
Misterioso, indecifrável, guarda mil interpretações e nem sempre você encontra a correta.
O silêncio me assusta, me da medo.
Acredito que isso aconteça pelo meu costume de sempre conseguir interpretar tudo, sempre conseguir entender as coisas deixadas subentendidas, sempre conseguir ler nas entrelinhas, decifrar olhares, entender expressões.
De repente me deparei com algo que não conseguia entender, por mais que eu tentasse, enlouqueci.
O som que tem o silêncio.. Se alguém algum dia descobrir por favor me conte.
Tem dias que prefiro ignorá-lo. Simplismente fingir que ele não existe. Até na hora que exige tal som, esse do silêncio, eu prefiro ao barulho do ventilador ligado, a ele. Mesmo que esteja frio o ventilador ligado no mínimo é preferível.
Acho que geralmente o que me assusta no silêncio é que ele me faz pensar, em coisas que eu não quero, em algo que sufoquei dentro de mim para tentar esquecer e ele vem e traz de volta.
Ele guarda as verdades que você se recusa a ouvir, as verdades que você se recusa a acreditar mas nem por essa tentativa ela deixa de ser uma verdade.
As vezes ele traz também os seus segredos, aqueles que só você sabe, que você não é capaz de contar para ninguém, e que você pretende ignorá-los, mas o silêncio mostra que o que você tenta guardar só para você também é compartilhado com ele, você não esta sozinha, o silêncio também sabe.
Ele te condena, te aponta os erros, aqueles que você achou que não foi eram tão grandes assim, que você achou que estava certa, o silêncio te mostra o contrário, ele sabe dos seus pecados. Aliás é sempre assim, difícil eu me admitir errada, não gosto do erro. E sem querer percebo que busco a minha própria perfeição, não admito erros e quedas, e são nessas horas de julgamento pelo meu próprio silêncio que eu não o quero por perto.
O silêncio trás também um certo tom de querer, traz para a sua mente os seus maiores sonhos e desejos e te faz de novo pensar, sonhar, imaginar, desejar. Querer.
Sou contraditória, como já disse várias vezes. E como tudo que eu descrevo, e tudo que se aproxima de mim também se torna algo contraditório, com o silêncio não é diferente.
As vezes o abomino, mas também há horas em que eu o preciso. Encontro ele dentro de mim, mesmo estando em minha volta conversas, barulhos, gritos ou qualquer outro som eu me desligo, me desligo de tudo ao meu redor e me encontro comigo mesma e com o silêncio.
E se você nunca passou por essa situação, te convido a adentrar no seu próprio silêncio, mergulhe nele sem medo. Você acaba se conhecendo melhor, percebe o que te incomoda, encontra paz, descobre como se acalmar. Encontra foco, concentração.
Fazer seu silêncio traz também certa motivação, quando tudo parece estar desabando é no silêncio, é no momento em que você para e busca sabedoria, calma, discernimento e paz dentro de você, que você encontra forças para continuar caminhando e seguindo em frente.
O silêncio me incomoda e me atrai.
Gosto do desafio de tentar entende-lo, de tentar decifrá-lo, mas tenho medo e algumas vezes me assusto. Acho que algo que realmente falta em mim é certa coragem ando adquirindo-a aos poucos.. Vou me arriscando cada dia mais. Só que cada um tem seu tempo e as vezes o meu para você pode ser devagar. Não importa. Busco coragem também no meu silêncio.
Acho que isso é uma das coisas que mais me atraem em Você, o seu mistério, o seus olhos algumas vezes indecifráveis, o silêncio que você guarda, que me tortura.
Respostas com o silêncio, brincadeiras no silêncio, comunicação com olhares.. silêncio. Me tortura e me atrai mais uma vez, principalmente quando vindo de Você.

Mas o silêncio mais confuso, mais delicioso, simples e apaixonante é o Nosso.
Quando não temos nada a dizer, nada a compartilhar, nada para ouvir ou para aconselhar, ficamos em silêncio, não um que desagrada ou incomoda, um silêncio confortante, familiar, que traz paz, e me faz bem, faz com que eu me sinta bem. Esse é o nosso, o que eu mais gosto, e o que eu menos entendo. O Nosso silêncio, a nossa paz, guarda em si o amor que compartilhamos como segredo. As pessoas que vêem a cena do encontro dos nossos silêncios se unindo, não devem entender, ou ao menos perceber a troca, a união, a paixão que ferve abrangendo tudo. Só sentindo para entender. Ou melhor para não entender, eu não entendo, mas sinto, cheiro ouço e gosto do que vejo.

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